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*ENCONTRO MARCADO* 🛐
*Capítulo 06 • 27/09/2021*
*O rosto de Alison fica vermelho de raiva e ele fecha os punhos com força após questionar a entidade sobre a dúvida que o atormenta desde a grande depressão.*
Papai [Lacrimejando] – Ali, eu sinto muitíssimo, sei o quão profundo é o abismo que nos separa e sei que ainda está confuso, mas acredite, gosto de Missy e de você de uma forma especial. Por isso está aqui, para que eu possa curar a ferida que cresceu dentro de você e está entre nós.
Ali – Queria tanto isso, mas não vejo forma disso acontecer.
Papai – Mas não existe solução fácil mesmo, se eu tivesse alguma, usaria sem hesitar. Só que não sou uma fada madrinha e nem possui uma varinha de coldão.
Ali – Talvez para mim fosse mais fácil ter essa conversa se você não estivesse usando um vestido.
Papai – Mas se fosse mesmo eu não estaria assim, Alison, embora o gênero masculino e feminino derivem da minha natureza, eu não sou nem um nem outro. Se escolho aparecer para você como um homem ou uma mulher é porque o amo, e se aparecesse como uma figura branca, enorme e com cara de vovô de barba comprida eu reforçaria seus estereótipos religiosos e esse não é o objetivo do nosso encontro.
*A mulher seca alguns utensílios e os guarda no armário, em seguida continua a conversar com o pai de Missy,*
Papai – Você sempre teve dificuldade para me ver como um pai, certo? Depois de tudo isso que passou não seria nada fácil lidar com um pai, não acha? Sei que você nunca soube o que é ter um pai de verdade, sei das mágoas que guarda e o quanto nesse momento precisava de um colo de mãe. Por isso foi necessário eu me revelar desta forma, para desconstruir seus conceitos e lhe fazer enxergar as coisas com outros olhos.
Ali – Faz sentido.
Papai – Pois então, deixe-me perguntar, acha que está livre para ir embora?
Ali – Acredito que sim, estou?
Papai – Claro que sim, não gostamos de prisioneiros, pode sair por aquela porta quando bem entender e voltar para a sua casa vazia, mas sei que é curioso demais para ir. Será que isso reduz sua liberdade de partir? Será que liberdade significa poder fazer tudo que bem entende?
*O marido de Nora fica em dúvida diante de tantos questionamentos e pensativo a respeito.*
Ali – Eu realmente não sei o que de fato é liberdade.
Papai – Apenas eu posso libertá-lo, Alison, mas a libertação nunca deve ser forçada. Nesse quesito, você ainda não compreende que liberdade é um processo de crescimento.
*A negra pega nas mãos de Alison encerra o assunto.*
Papai – Alison, conheça a verdade e ela o libertará, e a verdade está na carpintaria coberta de serragem. A liberdade é um processo dentro de um relacionamento com essa pessoa. Assim, tudo que te atormenta por dentro vai saindo aos poucos.
*Ali abaixa a cabeça e nota cicatrizes nos punhos de Papai. Ela o permite tocar nelas e ele as toca.*
Papai [Lacrimejando] – Jamais imagine que o que meu filho decidiu fazer não teve um preço alto para nós. O amor sempre deixa marcas, estávamos juntos lá.
Ali – Na cruz? Mas sempre achei que tivesse o abandonado, sabe, aquele verso lá: “meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
Papai – Você não entendeu o mistério nisso, mesmo que ele tenha sentido isso naquele momento, eu jamais o deixei.
Ali – Como pode dizer uma coisa dessas? Você o deixou largado, da mesma forma que fez comigo!
Papai – Alison, eu nunca o larguei, jamais eu faria isso.
Ali – Não tem nenhum sentido para mim.
*DENVER – COLORADO*
*No sítio de dona Carmélia, a ambulância que Nora chamou chega para levar Ben ao hospital, ela, Kate e Carmélia vão juntas de carro seguindo a ambulância.*
Nora – Céus, como isso foi acontecer? O que vocês estavam fazendo?
Kate – Estávamos apenas brincando, mãe, ele que me chamou e eu aceitei, mas não prestou atenção e acabou deslizando em uma parte congelada enquanto corria.
Carmélia – Fiquem calmas, talvez não tenha acontecido nada de mais, vamos torcer para que ele saia logo.
Nora – Já liguei infinitas vezes para o Ali, mas só dá caixa postal, isso tá muito estranho, ele nunca foi de ficar longe do celular, sempre foi muito preocupado com possíveis ligações de emergência.
*No hospital mais próximo da região, a ambulância chega com Ben e ele é levado para a radiografia. A família aguarda preocupada do lado de fora.*
*Momentos depois, o radiologista chega para comunicar a família do estado de saúde de Ben.*
– Boa tarde, acabei de fazer o raio x do menino Benjamin e, infelizmente, ele fraturou o antebraço, mas não entrem em desespero. O uso de uma tipóia e exercícios mais para frente o farão se recuperar brevemente.
Nora [Preocupada] – Meu Deus, coitado do meu filho, era pra ser um fim de semana de descontração e agora vem essa.
*As três entram no quarto para vê-lo.*
Nora – Meu amor, como se sente?
Ben – Agora tô melhor, mas a queda foi feia e meu braço doeu demais, agora imobilizaram ele e não tô sentindo nada. Me desculpa, mamãe, a senhora não merecia esse estorvo.
Nora – Acidentes acontecem, meu querido, minha preocupação agora é outra.
*RESIDÊNCIA JONES*
*José se prepara para sair no final de semana e a esposa questiona.*
Olívia – Meu amor, vai sair? Hoje você está de folga.
José – Pois é, amor, mas a proprietária da ONG que ajuda crianças desamparadas me chamou junto com outros pastores para um evento e eu devo estar lá. Sabe que eu gosto muito daquelas crianças e de ajudá-las, esse é meu papel como um homem de Deus.
Olívia – Está certíssimo, meu bem. Vá.
José – Mas antes, vou me despedir da nossa filha, esqueci de dar um beijo nela antes. Ela tá bem estranha comigo ultimamente é estranha no geral, vive dentro daquele quarto.
*A filha do casal brinca com suas bonecas na mesa, quando ouve o pai bater na porta e corre para sentar na cama e abraçar seu panda de pelúcia. O pastor entra.*
José – Filha, o que você tem? Tá nervosa? Vem aqui me dar um beijo de despedida, anda, Mary. Esqueceu que deve honrar seus pais, senão o pai celestial castiga?
*A menina anda devagar em direção ao pai e lhe dar um beijo no rosto. Em seguida volta para a cama.*
José – Assim que eu gosto, obediente à sua autoridade. Beijos, querida, até mais tarde.
*Enquanto isso, na cabana, a negra termina de guardar a louça e coloca alpiste de uma lata em suas mãos, em seguida abre a janela e deixa que um passarinho o coma.*
Papai – A maior parte dos pássaros foi criada para voar, ficar na superfície é uma limitação dos seus dons. Já você, Ali, foi criado para ser amado e viver como se não fosse é uma limitação, seria como cortar suas asas. A dor nos faz isso, nos impede de voar.
Ali – Isso é muito louco, e aquele pássaro tá sorrindo para mim, como assim?
Papai – Alison, eu não sou como você, eu sou Deus, é diferente de você, minhas asas não podem ser cortadas!
Ali [Irritado] – Que ótimo para você, mas onde eu entro nisso?
Papai [Acariciando o pássaro] – No centro do meu amor, sabe por que eu disse que não sou igual a você, Ali? Porque muitos tentam entender o meu ser pensando no melhor que elas podem ser, projetam e depois chamam de Deus. Apesar de parecer um esforço digno, se distancia bastante do meu verdadeiro ser. Sou e estou acima de tudo que você possa imaginar.
Ali – Sinto muito, mas para mim são apenas falas que não me dizem nada.
Papai – Ainda não, mas um dia dirão. Sabe, Alison, naturalmente sou inteiramente sem limitações, essas e outras são algumas da vantagens de ser Deus, sempre conheci a integridade e a minha existência é de pura satisfação. Nós os criamos para que compartilhassem tudo isso conosco, mas Adão acabou optando pela solidão, como já prevíamos, e tudo se perdeu, porém em vez de acabar com a criação entramos na bagunça por intermédio de Jesus.
Ali – Isso é muito interessante, vou me sentar para ouvir com mais atenção.
Papai – Quando nos introduzimos na existência humana sob a forma do Filho do Senhor, nos tornamos cem por cento humano e escolhemos abraçar todas as limitações. Seria como se esse pássaro escolhesse andar e fixar-se no chão, ele continua sendo pássaro, mas sua experiência de vida é alterada.
Papai – O mesmo se aplica a Jesus, que por mais que seja Deus por natureza, ele é completamente humano e exerce isso. Mesmo tendo capacidade de voar, prefere ficar na superfície, por isso seu nome Emmanuel significa Deus conosco ou, para ser mais clara, Deus com vocês!
Ali [Curioso] – Mas e os milagres? As curas? As ressurreições? Nada disso é prova de que Jesus era Deus, ou seja, mais que humano?
Papai – Não, Alison, isso tudo é prova de que Jesus era de fato humano!
Ali [Abismado] Como assim?!
*_Não perca o próximo capítulo…_*
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