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*ENCONTRO MARCADO* 🛐
*Capítulo 05 • 24/09/2021*
Papai – É maravilho demais te ter aqui conosco, seja muito bem-vindo.
*A mulher abraça o homem amargurado e ele fica em choque com o que vê.*
Ali [Pensando] – Isso rompeu com tudo que eu acreditei a minha vida toda e tinha absoluta certeza. Tô com tantas dúvidas, mas o jeito que ela fala e olha pra mim me deixa encantado.
*O pai de Missy sente o cheiro do perfume dela e, no mesmo instante, lembra do perfume que sua mãe sempre usava e ele havia guardado para lembrar dela quando fugiu.*
*_Flashback_*
*O garoto Alison derrama um pouco do perfume preferido de sua mãe em um vidrinho antes de fugir de casa.*
Ali – Vou te levar comigo dentro do meu coração para onde quer que eu vá, mamãe. Espero que possa me perdoar um dia, te amo muito. Sentindo o cheiro desse perfume, vou me sentir mais perto da senhora.
*_Realidade_*
*O ex corretor sente uma imensa vontade de chorar ao lembrar de sua infância, mas tenta conter as lágrimas.*
Papai – Pode soltá-las, querido, tá tudo bem, sei o quanto foi magoado e a raiva e as dúvidas o torturam. Deixe que as águas caiam, faz bem para a alma.
*O marido de Nora sente uma imensa vontade de soltá-las, mas se intimida com a mulher estranha para ele e tenta contê-las a todo custo.*
*A negra estende os braços e o homem lembra da mãe, sente o amor presente no ambiente.*
Papai – Tá tudo bem se não se sente pronto, tudo tem seu devido tempo, venha comigo, posso pegar seu casaco e essa arma? Não vai precisar dela, não queremos que ninguém saia machucado, certo?
*A mulher pega os objetos e abre a porta da cozinha para que uma moça entre, trata-se de uma mulher asiática, cuja vestimenta era de jardineira.*
Sarayu – Com licença, deixa-me pegar isto.
*A asiática encosta um frasco de vidro no rosto de Ali e, com um pincel, coloca suas lágrimas dentro do objeto.*
Sarayu – Alison, todos nós temos coisas que valorizamos tanto ao ponto de colecionar, não é mesmo? Pois bem, eu coleciono lágrimas.
*De repente, do outro lado da casa aparece um homem vestido parecendo um operário, estava coberto de serragem e usava cinto de ferramentas.*
Ali – Há mais de vocês?
*Os três começaram a rir.*
Papai [Rindo] – Não, Alison, somos apenas nós três e é mais que suficiente para você.
*Ali segue espantado com o que acabara de ver, até que o carpinteiro se aproxima dele, beija suas mãos e o abraça, fazendo-o se sentir super bem. Em seguida a asiática também se aproxima e o olha bem fixamente nos olhos.*
Ali – Uau, me sinto mais leve que o ar, isso é surreal.
Papai [Rindo] – Relaxe, ela causa esse efeito em todos.
Ali – E eu gosto disso.
*Os três começaram a rir juntos e Alison riu com eles.*
Papai – Tá bom, tá bom, gente, já chega de delongas, vamos nos apresentar. Alison, o conhecemos já, agora é sua vez de nos conhecer, prazer, sou a governanta e cozinheira da casa, pode me chamar de Elisa!
Ali [Duvidoso] – Elisa?
Papai – É um nome do qual gosto muito e significa muito para mim, mas se preferir, pode se referir a mim da forma que Nora se refere.
Ali – Papai?
Papai – Isso mesmo, me chame assim.
Ali – E você aparenta ser alguém do Oriente Médio, é árabe?
Jesus – Eu, na verdade, sou hebreu, sendo mais específico, da casa de Judá.
Ali – Então, você é…
Jesus – Jesus? Sim. Me chame assim, se quiser, é o meu nome mais comum mesmo. Minha mãe me chamava de Yeshua, mas também sou conhecido como Joshua ou Jessé.
*O ex corretor fica abismado com o que acabara de ver e ouvir, como se estivesse vivendo em uma realidade utópica. A asiática se aproxima.*
Sarayu – E eu me chamo Sarayu, sou guardiã dos jardins e de outras coisas.
Ali – Afinal, qual de vocês é Deus?
Papai/Jesus/Sarayu – Sou eu.
Ali [Confuso] Ok então.
*Enquanto isso, durante a tarde no sítio da tia Carmélia, Nora e os filhos tomam um café dentro da casa e conversam.*
Carmélia – Eu sinto muito pelo que vocês estão passando, já se foram três anos, mas infelizmente essa é uma dor que fica dentro de nós para sempre. E o Ali, por que não veio?
Nora – Ele disse que preferia ficar em casa sozinho e aproveitar para se reencontrar. Ele tem sofrido muito até hoje, a dor só aumenta pra ele, e pra mim também. Porém, eu super me apeguei à minha fé, já a dele parece que se esvaziou.
Carmélia – É uma pena, mas eu creio que ele vai se reencontrar e restaurará sua fé, algo me diz que isso está começando.
Nora – Amém, me preocupo com a Kate também, ela mudou demais desde a perda da irmã. Ficou mais rebelde, mal fala com a gente, com o pai mudou mais ainda.
*Kate ouve escondida a conversa e se tranca no banheiro.*
Kate [Pensando] – Eu mudei, porque a culpa da minha irmã ter sido brutalizada por aquele assassino foi minha, e o meu pai com certeza pensa o mesmo. Queria sumir para nunca mais olhar na cara dele para não machucá-lo mais.
*Benjamin bate na porta do banheiro.*
Ben – Kate, sai daí, bora se divertir um pouco, cê tá precisando. Vem logo!
*A adolescente sai do banheiro e vai com o irmão para o lado de fora. Lá, ele faz uma bola de neve e joga na irmã.*
Kate – Ben, seu ridículo!
Ben – Ah, para, que a gente sempre adorou brincar de jogar bola de neve um no outro desde a infância. Se joga, mana, vamos nos divertir.
*A filha de Nora hesita, mas resolve ceder e começa a jogar bolas de neve no irmão.*
*Ambos se divertem bastante e vão mais para dentro do sítio, até que, enquanto corre, Ben se descuida e, ao escorregar, cai em cima do próprio braço em uma parte congelada.*
Kate – Meu Deus, Ben!
Ben [Caído] – Ai, ai, meu braço tá doendo, cai em cima dele e a dureza do gelo piorou a queda.
Kate [Nervosa] – Vou chamar a mamãe.
*No chalé, os quatro terminam de almoçar e se retiram, Papai vai para a cozinha lavar a louça, e Ali a segue. A mulher coloca um CD para ouvir enquanto lava.*
Ali [Curioso] – O que está ouvindo?
Papai – Um CD chamado Loucuras da paixão, de uma banda chamada Bonde do Sucesso. Pra falar a verdade, os integrantes nem sequer nasceram ainda.
Ali – Sério, mas pelo ritmo não parece algo muito religioso.
Papai – E não é, pode acreditar, é um tipo de funk.
Ali – Então Deus escuta funk? Pensei que ouvia algo mais da igreja.
Papai – Alison, Alison, não há necessidade de me rotular, ouço de tudo e não só a música em específico, mas os corações por trás dela. Esse pessoal não está dizendo nada que eu nunca tenha ouvido, eles possuem muito gás e expressam sua raiva, e com razão. Só querem se mostrar e ficar de bico, mas eu vou ficar de olho em cada um.
Ali – Você deve saber que chamá-la de papai é difícil para mim.
Papai – Sei sim, mas diga-me, por que é difícil? Por que é uma palavra em que está habituado demais, por que estou me apresentando como uma mulher, mas ou por causa dos fracassos de seu pai?
Ali – Talvez porque nunca conheci a quem pudesse realmente chamar de papai.
Papai – Se me permitir, eu serei o pai que você nunca teve, Alison.
Ali – Mas se você não foi capaz de cuidar e proteger a Missy, como posso acreditar que cuidaria de mim?
*_Não perca o próximo capítulo…_*
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